Museum of Science and Industry, Chicago: Crítica
De acordo com o Museu de Ciência e Indústria de Chicago, “a cor de um objeto é determinada pela absorção específica e reflexão dos comprimentos de onda”, mas isso não é verdade. Esta definição errônea é apresentada no “Color Booth” que faz parte da Exposição “Science Storms”. Aqui estão algumas explicações sobre o porquê da cor não ser exclusivamente determinada pelos comprimentos de onda específicos que um objeto absorve e reflete:
“Muitas pessoas acreditam que a cor é uma propriedade essencial dos objetos e que depende inteiramente dos comprimentos de onda específicos da luz refletida. Mas essa crença é equivocada. A cor é uma sensação criada no cérebro. Se as cores que percebemos dependessem apenas do comprimento de onda refletido, a cor de um objeto mudaria drasticamente de acordo com variações de iluminação e sombra que ocorressem constantemente durante todo o tempo. Muito pelo contrário, a cor de um objeto nos parece relativamente estável devido a nossa atividade neural – apesar das mudanças constantes no ambiente ” por John Werner, Ph.D.: UC Davis, Center for Neuroscience.
“A cor de uma luz isolada está intimamente relacionada com as propriedades físicas da luz, mas este fato é bastante enganoso para a compreender a cor em condições normais. A cor não está na luz. O que vemos depende diretamente de um padrão de respostas neurais e, o comprimento de onda ou da energia de luz que entra no olho é apenas um fator dentre muitos outros. A relação direta entre um estímulo físico e como nós o percebemos se quebra quando a luz é parte de uma cena complexa. Na visão em condições normais, a resposta neural a uma luz particular e, portanto, a nossa percepção dela, é influenciada pelo contexto das outras luzes presentes na mesma cena” por Steve Shevell, Ph.D.: University of Chicago, Institute of Mind and Biology.
“A cor é muitas vezes pensada como uma qualidade da luz, mas isso não é verdade. Por exemplo, a expressão “o oceano é azul” utiliza uma experiência de percepção da cor azul para descrever a luz física. A cor em si não está na luz. A cor é um fenômeno perceptivo determinado por processos neuronais. A região do espectro electromagnético que é visível para os seres humanos gira em torno de 400 nm a 700 nm, comprimento de onda, mas este não está dotado com uma cor. Um determinado comprimento de onda, por exemplo próximo de 470 nm ou 580 nm, são percebidos como azul ou amarelo, respectivamente, porque estes comprimentos de onda estimulam os fotorreceptores no olho humano que são responsáveis pela transdução da luz física em respostas neurais, ou seja, impulsos elétricos. Essas respostas neurais passam por uma série de etapas de processamento no cérebro. A experiência do azul ou do amarelo, bem como todas as outras cores, é uma construção mental. A experiência de uma cor é como a compreensão da linguagem. Não há sentido no som físico de uma frase em japonês (o cérebro deve interpretá-lo) se a pessoa não aprendeu a língua assim como não há nenhum azul ou amarelo nos comprimentos de onda. A cor é uma percepção que os seres humanos são capazes de experimentar por meio de processos neurais sensoriais ” por Claudia Feitosa-Santana, Ph.D.: Roosevelt University, Departamento de Psicologia.
Esse conhecimento é muito antigo:
Isaac Newton (1642, 1727) brilhantemente escreveu em seu livro “Opticks“, publicado pela primeira vez em 1704: “E se em algum momento eu falo de luz e raios como coloridos ou dotados de cores, gostaria de ser entendido como não falando filosoficamente e corretamente, mas grosseiramente – tais concepções seriam apenas atribuídas por pessoas leigas ao observar esses experimentos. Para falar corretamente, os raios não são coloridos. Neles não há nada além de um certo poder e disposição para gerar a sensação desta ou daquela cor. ”
Mais de 200 anos depois, W. D. Wright foi inspirado pelas palavras de Newton e publicou um livro chamado “Os raios não são coloridos”, em 1967, afirmando que “a nossa percepção de cores está dentro de nós e as cores não podem existir a menos que haja um observador para percebê-las. A cor não existe nem mesmo na cadeia de eventos entre os receptores da retina e o córtex visual, mas apenas quando a informação é finalmente interpretada na consciência do observador. “- Por W. D. Wright, do Imperial College of Science and Technology, London
Portanto, se você for ao “Museum of Science and Industry” ansioso para que seus filhos aprendam ciência, é melhor reduzir bastante suas expectativas. Pode ser divertido, mas não educativo. Na maioria das vezes, você não vai encontrar um empregado ou um voluntário para responder a uma pergunta científica e, se você encontrá-los, isso não significa que eles vão lhe dar a resposta correta.
Seus uniformes nos enganam. Eles têm dois tipos: os funcionários que 99% não são cientistas mas usam um uniforme que diz “Scientist”; os voluntários usam um uniforme que diz “Volunteer” e, a maior parte deles são aposentados de diversas áreas não relacionadas à ciência, mas a chance de encontrar um estudante de ciências entre eles, mesmo que pequena, ainda é maior que entre os funcionários.
Mais alarmante e muito mais assustador é o fato de que eles oferecem uma “Oficina de Professores” e um “Centro para o Avanço das Ciências na Educação”. De acordo com suas próprias palavras, a “Oficina de Professores é projetada para aumentar o seu conhecimento em ciência, melhorar o ensino, a habilidade de ensinar e, demonstrar como usar os programas e exposições do museu para melhorar o currículo de ciências.” Esse centro oferece uma enorme lista de atividades como excursões, currículo de ciências para crianças, laboratório de aprendizagem, etc. Seria fantástico se o museu estivesse levando ciências a sério, mas não é definitivamente o caso.
OBS: Antes de escrever esse comentário, eu entrei em contato com o museu solicitando que o painel deveria ser corrigido. A resposta foi não e a explicação foi, mais uma vez, uma prova de que o “Museum of Science and Industry”, também chamado MSI Chicago, não tem um número mínimo suficiente de cientistas e/ou nenhum respeito pela ciência. Lamentável.